sexta-feira, 3 de julho de 2009

"Devaneios"


Corria da própria vida como atleta de maratona.
A única medalha era a certeza de que sua incerteza nunca findaria.
Cruzava as esquinas como quem cruza os braços sobre o corpo, em sinal explícito de quem quer se calar.
Transpirava o suor frio dos aflitos.
Sangrava o medo dos convocados ao Iraque.
No pódio de chegada, calou-se como se calam os apaixonados quando se olham.
Percebeu-se vitoriosa de sua própria derrota.
Brindou seu heroísmo na solidão de seu quarto.
E fechou-se uma vez mais em busca de novas verdades.

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